janeiro 26, 2023 Por Professor DeRose
(Capítulo do livro Quando é Preciso Ser Forte)
Cientista benfeitor é internado como louco
Em meados do século XIX, as parturientes morriam de uma misteriosa febre puerperal após dar à luz. O médico húngaro Ignaz Philip Semmelweis (1818-1865) começou a observar que as mulheres que eram assistidas por parteiras tinham um índice pequeno de falecimentos pela febre puerperal, mas as que eram atendidas por médicos morriam em muito maior proporção. Isso era um mistério. E era inadmissível, afinal, médicos têm que ser mais competentes que simples parteiras iletradas. Semmelweis ficou atento.
Certo dia, um colega médico, ao proceder à autópsia de uma das pacientes, cortou-se com o bisturi. Logo após, foi acometido da mesma febre e morreu. Então, como a medicina ainda não sabia da existência de vírus e bactérias, Semmelweis deduziu que havia algo – talvez tóxico – no sangue daqueles enfermos e que era transmissível. A partir daí, adotou o procedimento de lavar as mãos, limpando-as do sangue da parturiente anterior, antes de atender a próxima. Com isso, as mortes em sua enfermaria reduziram-se drasticamente. Em consequência, declarou: “Quantas mulheres levei à morte prematuramente; e quantas nós médicos, que as deveríamos salvar, estamos matando!”
Merecia ter sido louvado por sua descoberta. Mas não foi. Seus colegas voltaram-se contra ele. Afinal, não poderiam aceitar que estivessem sendo os causadores de tantas mortes. Admitir que ele estivesse com a razão seria reconhecer a curteza dos conhecimentos da medicina que eles haviam estudado tanto. E mais: quem ele pensava que era para mandá-los lavar as mãos? Assim, seus colegas desencadearam uma campanha tão feroz contra Semmelweis que fizeram-no perder sucessivamente o bom nome, o emprego, as propriedades e finalmente até a liberdade. Depois de levá-lo à miséria, conseguiram interná-lo como louco. Trinta anos após a morte, sua descoberta foi reconhecida e uma estátua foi erigida em sua homenagem! Lamento, mas agora não adianta mais.