As três primeiras, são características técnicas, portanto, típicas e exclusivas do SwáSthya Yôga. As cinco últimas são comportamentais, portanto, pertencem mais ao DeRose Method[1], o qual não é Yôga, mas contém o Yôga em seu acervo.
1) Ashtánga sádhana
A característica principal do SwáSthya Yôga é sua prática ortodoxa denominada ashtánga sádhana (ashta = oito; anga = parte; sádhana = prática). Trata-se de uma prática integrada em oito partes, a saber: mudrá, pújá, mantra, pránáyáma, kriyá, ásana, yôganidrá, samyama. Estes elementos serão explicados em detalhe mais adiante.
2) A codificação das regras gerais de execução
Uma das mais notáveis contribuições históricas da nossa sistematização foi o advento das regras gerais, as quais não são encontradas em nenhum outro tipo de Yôga, a menos que venham a ser incorporadas a partir de agora, por influência do SwáSthya Yôga. Já temos testemunhado exemplos dessa tendência em aulas e textos de vários tipos de Yôga em diferentes países, após o contacto com o SwáSthya.
É fácil constatar que as regras e demais características do nosso método não eram conhecidas nem utilizadas anteriormente: basta consultar os livros das várias modalidades de Yôga publicados antes da codificação do SwáSthya. Em nenhum deles, vai ser encontrada referência alguma às regras gerais de execução.
Por outro lado, podemos demonstrar que as regras gerais constituíram apenas uma descoberta e não uma adaptação, pois sempre estiveram presentes subjacentemente. Tome para exemplo algumas técnicas quaisquer, tais como uma anteflexão (pashchimôttanásana), uma retroflexão (bhujangásana) e uma lateroflexão (trikônásana), e execute-as de acordo com as regras do SwáSthya Yôga. Depois consulte um livro de qualquer outra modalidade Yôga e faça as mesmas posições seguindo suas extensas descrições para cada técnica. Você vai se surpreender: as execuções serão equivalentes em mais de 90% dos casos. Portanto, existe um padrão de comportamento. Esse padrão foi identificado por nós e sintetizado na forma de regras gerais.
Tal fato passou despercebido a tantas gerações de sábios do mundo inteiro durante milhares de anos e foi descoberto somente em meados do século passado, da mesma forma como a lei da gravidade passou sem ser registrada pelos grandes arquitetos e físicos da Grécia, Índia, China, Egito e do mundo todo, só vindo a ser descoberta bem recentemente por Newton. Assim como Newton não inventou a gravidade, também não inventamos as regras gerais de execução. Elas sempre estiveram lá, mas ninguém havia notado.
No SwáSthya Yôga, as regras ajudam bastante, simplificando a aprendizagem e acelerando a evolução do praticante. Ao instrutor, além disso, poupa um tempo precioso, habitualmente gasto com descrições e instruções desnecessárias.
As regras serão explicadas no capítulo Ásana, subtítulo Regras Gerais.
3) O resgate do conceito arcaico
de sequências encadeadas sem repetição
Outra importante característica do SwáSthya Yôga é o resgate do conceito primitivo de treinamento, que consiste em execuções mais naturais, anteriores ao costume de repetir as técnicas. A popularização do sistema repetitivo é moderno. Os textos antigos, do período clássico e pré-clássico, não fazem nenhuma referência à repetição. As técnicas antigas, sem as limitações impostas pela repetição, tornavam-se ligadas entre si por encadeamentos espontâneos. No SwáSthya Yôga esses encadeamentos constituem movimentos de ligação entre os ásanas (ásanas não repetitivos nem estanques), o que predispõe à elaboração de execuções coreográficas. Faz todo o sentido, pois Shiva Natarája, o criador mitológico do Yôga, era um bailarino!
Assim, [A] a não repetição, [B] as passagens (movimentos de ligação) e [C] as coreografias (com ásanas, mudrás, bandhas, kriyás etc.), são consequências umas das outras, reciprocamente, e fazem parte desta terceira característica do SwáSthya Yôga.
As coreografias também não são uma criação contemporânea. Esse conceito remonta ao Yôga primitivo, do Período Neolítico, tempo em que as pessoas não tinham religiões institucionalizadas e adoravam o Sol. O último rudimento dessa maneira primitiva de execução coreográfica é a mais ancestral prática do Yôga: o súrya namaskár!
Ocorre que o súrya namaskár (ou namaskára) é a única reminiscência de coreografia do Pré-Clássico preservada no acervo do Yôga moderno. Não constitui, portanto, característica sua.
Vale lembrar que o Hatha Yôga é um Yôga moderno, que foi criado por Gôrakshanatha, no século XI depois de Cristo, cerca de 4000 anos após a origem primeira do Yôga.
Importante: o instrutor que declara ensinar SwáSthya Yôga, mas não monta a aula inteira com formato de coreografia não está transmitindo um SwáSthya 100% legítimo. A movimentação entre um ásana e outro não pode ser aleatória. O praticante não para de praticar a fim de passar a outra técnica corporal. Ele continua praticando, executando uma passagem elaborada, consciente, com perfeita noção do corpo no espaço.
[1] Veja a diferença entre Yôga e o DeRose Method no capítulo correspondente.